terça-feira, 16 de setembro de 2008

Índia negocia compra bilionária de armas e tecnologias russas

O chefe do Governo indiano, Manmohan Singh, se reuniu hoje com o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa russo, Serguei Ivanov, para concretizar diversos acordos de cooperação militar no valor de US$ 10 bilhões.Singh se encontra em uma visita a Moscou centrada na compra de armas e tecnologias militares russas, das quais a Índia é o segundo maior cliente, atrás apenas da China. A viagem do chefe do Governo indiano também tem como objetivo o desenvolvimento da cooperação econômica e a realização de investimentos no setor energético. Em declarações após a reunião, Ivanov destacou que "a Índia é o único país com o qual a Rússia tem um programa de cooperação militar a longo prazo", lançado no final de 1998 e calculado até 2010 em US$ 18 bilhões a US$ 20 bilhões. Dentro deste programa, que inclui mais de 200 projetos, "já foram cumpridos contratos de US$ 9 bilhões", disse o ministro russo, que também ressaltou que a Índia está passando da categoria de uma mera compradora à de sócia da Rússia em diversos projetos militares. "Acredito que a assinatura, na última terça-feira, do acordo intergovernamental sobre a proteção dos direitos da propriedade intelectual impulsionará nossa cooperação militar e permitirá realizar a produção conjunta de técnicas de combate", disse Ivanov. No último dia 16 de novembro, na preparação da visita de Singh, o ministro da Defesa indiano, Pranab Mukherjee, disse em Moscou que "os contratos de fornecimento de armas russas que estão em negociação são estimados em cerca de US$ 10 bilhões".Ivanov e Singh informaram que também negociaram um acordo governamental sobre o planejamento e a fabricação conjunta de um avião militar de transporte deu uso polivalente. Um representante da indústria bélica russa disse à agência Interfax que Moscou proporia a Nova Délhi a compra, em vez do aluguel, de bombardeiros russos de longo alcance Tu-22M3, com raio de ação de 2.200 quilômetros, velocidade máxima de 2 mil km/h e equipados com 10 mísseis de cruzeiro e 24 toneladas de bombas. Ivanov evitou comentar esses dados e se limitou a desmentir informações sobre a suposta intenção russa de fornecer à Índia bombardeiros estratégicos Tu-160 e Tu-95MS. Em um gesto de atenção aos interesses geopolíticos de Nova Délhi, Ivanov não descartou a possibilidade de a Rússia permitir à Índia o emprego conjunto do aeroporto Ayni da base militar russa no Tadjiquistão, país da Ásia Central que faz fronteira com o Afeganistão. "Já negociamos com as autoridades tajiques", disse Ivanov sobre o aeroporto de Ayni, que em 2006 deverá receber seis caças bombardeiros SU-25 e 10 helicópteros de combate russos. A Índia, junto com o Irã, a Mongólia e seu vizinho e rival Paquistão, participa como observadora da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), aliança que reúne a Rússia, China, Tadjiquistão, Cazaquistão, Uzbequistão e Quirguistão. "A Índia compartilha nossa preocupação com a ameaça do terrorismo, e está disposta a enfrentar esse desafio", disse Ivanov. Ele lembrou ainda que a cooperação bilateral militar não se limita à venda de armas, mas inclui a fabricação sob licença na Índia de caças russos SU-30MKI, Mig-29K, helicópteros Ka-31 e tanques T-90S. Durante a visita de Mukherjee, Ivanov rejeitou o pedido indiano de venda das tecnologias de produção de aviões de guerra russos de quinta geração, mas não descartou o financiamento e a fabricação conjunta dessas aeronaves. Segundo fontes da indústria militar russa, desde 1960 a Índia comprou armas da Rússia no valor de US$ 33 bilhões, o que representa 70% de todas as importações indianas de armamento, e atualmente monopoliza 30% das exportações russas no setor. Ivanov ressaltou a intenção de Moscou de aumentar suas exportações de armas ao defender hoje a venda de sistemas de defesa antiaérea ao Irã. Segundo ele, isso não alteraria o equilíbrio de forças no Oriente Médio. No último sábado, o Ministério de Exteriores russo confirmou a assinatura de contratos com o regime de Teerã para a venda de 29 sistemas de mísseis antiaéreos Tor M-1 nos próximos três anos no valor de US$ 700 milhões a US$ 1 bilhão. "Qualquer venda de armas da Rússia acontece de acordo com a lei e com suas obrigações internacionais", disse Ivanov em referência às críticas dos EUA, que consideram o Irã a principal ameaça para a paz na região.